Paulo Betti, ator que está no ar em "Amor Perfeito", recordou memórias vividas com o irmão mais velho, a quem chamava de pai e que atuava como sapateiro no interior de São Paulo antes de falecer.
Betti fez duas postagens emocionantes com o objetivo de homenagear e se despedir de seu irmão mais velho, José Bete, que faleceu na manhã desta terça-feira (16). O ator não poupou elogios e afeto ao familiar, que morreu aos 80 anos.
"Meu irmão Zé partiu hoje. Ele esperou que eu tivesse uma pausa nas gravações da novela 'Amor Eterno' para que eu pudesse vir me despedir dele. Zé foi meu irmão e também um pouco meu pai. Ele era 10 anos mais velho que eu. Eu estava angustiado sabendo que ele estava próximo do fim neste mundo e não conseguia ir a Sorocaba para vê-lo. Mas Zé sempre foi uma solução e nunca um problema. E não é que ele me esperou? Abriu os olhos e ouviu os nomes de todos que mandaram um abraço e beijo de despedida para ele: Cida, Maria, Juliana, Mariana, João, Dadá, Eliane, Maria, Mana, Mariana, Zezé, Ana, Osvaldo, Rosangela, Zé Roque, Carlos, Perdiga, Miroldo, Ceroula, Hugo, Grassi, Rafa, Cassiane. Meu sobrinho Rafa Romão resumiu: 'Que seus pés descansem após ter cuidado dos passos de tantos'".
Zé, como era chamado pelos amigos, era sapateiro no interior de São Paulo e não tinha o mesmo sobrenome do ator devido a um fato inusitado.
"Zé era muito querido em Sorocaba. Tinha uma sapataria na Rua da Penha chamada José Bete. Nossos sobrenomes são diferentes devido a um erro no cartório. Nossos pais não sabiam ler. Ernesto e Adelaide diziam que Zé era um grão de ouro. Zé era muito mais que isso! Era uma mina inteira de sabedoria e bondade inesgotáveis! Eu ia na sapataria e ele estava curvado naquele banquinho baixo, com os pregos equilibrados na boca, caprichando na meia sola, no salto, no trabalho dedicado".
Paulo também se lembrou de uma brincadeira que fazia para surpreender os clientes do irmão quando ia até o local de trabalho de Zé.
"Eu ia visitá-lo na sapataria e ficava atrás do balcão fingindo ser ele, para surpreender os clientes. E ríamos. Eu tentava fazer com que ele cobrasse metade do valor do conserto adiantado. Ele tinha pena de cobrar. Ficavam pilhas de sapatos e bolsas que os clientes não vinham buscar. O prejuízo de mão de obra e material. Zé fumava muito! Quatro maços por dia durante muitos e muitos anos. E a cola de sapateiro que ele involuntariamente cheirava enquanto trabalhava? Se não fosse por isso, certamente viveria até os 100 anos, não nos deixaria aos 80".
O velório e o enterro de José Bete ocorrerão ainda na terça-feira (16), em São Paulo. Nos comentários, amigos e colegas como Letícia Spiller, Carmo Dalla Vecchia, Alessandra Negrini, Leandra Leal, Carolina Dickmann e Renato Góes consolaram o artista.